O que é empreendedorismo social?
Uma
empresa existe a partir da criação de uma proposta de valor, comercializada na forma de produtos
ou serviços. A intenção é ganhar dinheiro com um trabalho demandado por
determinado público-alvo. No empreendedorismo social, o modelo de atuação é o
mesmo, mas a parte central do negócio das empresas tem a ver com a resolução de
algum problema social.
Mas
o que é considerado um problema social? Pode-se dizer que é uma
situação recorrente em uma ou mais comunidades, que afetam várias pessoas e não
funciona do jeito que o senso comum crê que seria o ideal. Essa situação pode
estar relacionada com educação, saúde, distribuição de renda, direitos humanos,
moradia e até mesmo meio ambiente.
A
prostituição infantil é um exemplo de problema social, assim como o desemprego,
a falta de atendimento médico, o analfabetismo e a violência. Uma empresa social, portanto, tem no seu modelo de
negócio uma solução que visa a atacar um problema desse tipo.
E o lucro?
Ao
contrário de uma organização não governamental (ONG) ou de uma organização da
sociedade civil de interesse público (Oscip), os negócios representantes do
empreendedorismo social visam ao lucro. Sua intenção é se autossustentar a partir da comercialização do seu produto ou serviço em
primeiro lugar, e não ter como fonte de renda doações e patrocínios.
Por
isso, essas empresas também são, por vezes, enquadradas no “setor dois e meio”.
É uma referência à divisão sociológica que considera o estado com o primeiro
setor, as empresas como o segundo setor e as instituições sem fins lucrativos
como terceiro setor. Os empreendimentos sociais, portanto, ocupam uma posição
intermediária entre o segundo e o terceiro setor – buscam o lucro, mas, ao
mesmo tempo, o bem-estar social.
É
claro que há divergências quanto à nomenclatura. As fundações Ashoka e Schwab,
que estão entre as principais organizações do mundo que trabalham promovendo
essa modalidade de negócios, não fazem distinção entre negócios lucrativos ou
não, e colocam tudo sob o mesmo guarda-chuva.
Mas
o destaque é para aqueles que não dependem de doações, seja governamentais ou
privadas, para seguirem na ativa, o que representa uma grande dificuldade. É
possível obter lucro e dar uma valiosa contribuição à sociedade. Abaixo,
listamos alguns exemplos para provar como é possível ganhar dinheiro e ajudar
as pessoas.
Após
presenciar crianças pobres crescendo sem ter um par de sapatos para calçar em
uma viagem pela Argentina em 2006, o americano Blake Mycoskie teve a ideia de
criar a TOMS Shoes, com uma proposta completamente inovadora: a cada par de
calçados vendido pela empresa, um novo par seria doado para crianças de baixa
renda.
Os
calçados modernos, com design arrojado, são sucesso de venda e, até hoje, mais
de 60 milhões de pares já foram doados. Um exemplo e tanto de empresa que é um
grande sucesso comercial e tem uma enorme contribuição para comunidades
vulneráveis.
A
Geo Energética é uma empresa brasileira que desenvolveu uma fonte de energia inovadora e sustentável. Trata-se de um biogás obtido em um
processo biotecnológico, a partir do reaproveitamento de resíduos da
agroindústria sucroalcooleira.
A
solução foi concebida após dez anos de pesquisa, e o biogás, produzido em
escala industrial, pode servir como uma fonte elétrica renovável ou para
produzir biometano, substituindo o óleo diesel.
A
grande proposta social da Geo Energética é que sua tecnologia limpa é vendida
no mercado livre e está integrada à rede do Operador Nacional do Sistema (ONS),
trazendo grandes benefícios ambientais.
Essa
é uma rede brasileira que comercializa apenas produtos feitos por pessoas que
vivem em regiões de baixa renda. A empresa completou, em 2015, dez anos, e sua
grande contribuição no empoderamento de mulheres artesãs se dá por meio da
capacitação e formação das redes de produções.
Além
disso, vários produtos do portfólio da empresa – que inclui bolsas, acessórios
e itens de decoração – são feitos reutilizando resíduos, segundo o conceito
de upcycling. A rede Asta ainda presta o serviço de treinamento de
grupos produtivos para outras empresas.
Um
problema social muito comum no Brasil são as ocupações irregulares de terrenos
em zonas urbanas. A Terra Nova é a única empresa do país que atua na mediação
de conflitos, visando à regularização fundiária sustentável de áreas
particulares ocupadas.
A
missão, que desenvolve desde 2001, é ajudar as famílias carentes no acesso ao
título de propriedade dos locais onde se estabeleceram. Com isso, há uma boa
perspectiva de melhoria na qualidade de vida de assentamentos precários, afinal
eles passam a existir regularmente aos olhos do Estado, aumentando as chances
de receberem investimentos de infraestrutura.
Marketing ou preocupação social
Muitas
das empresas do “setor dois e meio” sobrevivem justamente por conta de seu
apelo social. Assim, conseguem mobilizar um público consumidor diferente, que
tem grande preocupação com as práticas socioambientais das marcas que consomem.
Mas
é preciso fazer uma distinção muito clara entre as empresas que apenas bolam
ações e campanhas de apelo social como parte de sua estratégia de marketing e
aquelas cuja essência é a preocupação com o bem-estar da sociedade na qual
estão inseridas. Para que o seu negócio seja considerado uma empresa social, o
foco precisa estar aí.
Uma
opção para quem quer ajudar a resolver problemas sociais é fundar uma
ONG e tentar atrair doadores. É possível buscar o reconhecimento de órgãos
públicos do município, estado ou federação, tornando a instituição uma Oscip.
Oi prof, blz
ResponderExcluirAqui é o Joao
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